TEORIA GERAL DO TURISMO - TGT
Introdução
Desde as primeiras décadas do século XX, vários setores envolvidos diretamente com a atividade turística procuravam entender e, de alguma forma,
controlar determinadas variáveis desse mercado Contudo, para intervir de
forma equilibrada no mercado, especialistas da área precisavam de uma definição
de turista, com o intuito de diferenciá-los de outros viajantes e ter uma
estrutura comum que referenciasse a construção de estatísticas que pudessem ser
comparáveis.
De acordo com Beni (2001), o
objetivo da viagem, a duração da viagem e a distância viajada caracterizaram-se
como os três principais elementos para a construção de diferentes definições de
turistas. Atualmente, é estabelecido que os viajantes são clientes de serviços
turísticos, não importando que fatores os motivam. Porém, de acordo com a
Organização Mundial do Turismo (OMT), esses consumidores podem ser
classificados em turistas, excursionistas e visitantes.
Turista,
excursionista e visitante
– conceituação
técnica
Da mesma forma que a
definição da palavra turismo promoveu uma série de discussões acadêmicas e
mercadológicas, muitas definições para a palavra “turista” foram mediadas até
que a Comissão de Estatística da Liga das Nações, em 1937, chegou a uma
referência mais ampla sobre o tema.
Segundo Beni (2001), a
primeira dessas definições de turistas referia-se ao turista internacional como
“a pessoa que visita um país que não seja o de sua residência por um período
de, pelo menos, 24 horas”. Cabe ressaltar que essa foi a base de definições
posteriores.
Em 1954, a Organização das Nações Unidas (ONU),
conceituou turista como:
Toda
pessoa sem distinção de raça, sexo, língua e religião que ingresse no
território de uma localidade diversa daquela em que tem residência habitual e
nele permaneça pelo prazo mínimo de 24 horas e máximo de seis meses, no
transcorrer de um período de 12 meses, com finalidade de turismo, recreio,
esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinações religiosas ou
negócios, mas sem proposta de imigração.
Beni (2001) destacou que, em 1963, as Nações
Unidas recomendaram definições de “visitante e turista” para fins estatísticos
internacionais, e concluiu:
para propósitos estatísticos, o termo “visitante”
descreve a pessoa que visita um país que não seja o de sua residência, por
qualquer motivo, e que ele não venha a exercer ocupação remunerada.
Dessa forma, turistas são visitantes temporários
que permanecem pelo menos 24 horas no país visitado e cuja fina-lidade da
viagem pode ser classificada sob um dos seguintes tópicos: lazer (recreação,
férias, saúde, estudo, religião e esporte), negócios, família, missões e
conferências. Excursionistas são visitantes temporários que permaneçam menos de
24 horas no país visitado (incluindo viajantes de cruzeiros marítimos). Essa
definição foi então aprovada em 1968 pela Organização Mundial de Turismo (que
se chamava, na época, União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens),
que passou a incentivar os países a adotá-la (BENI, 2001).
Os turistas, segundo Cooper (2001), podem ser
caracterizados em diferentes tipologias ou papéis que exercitam a motivação
como uma força energizante, vinculada a necessidades pessoais.
O uso adequado da palavra turismo está
relacionado a viagens de prazer, mas isso excluiria as viagens de trabalho.
Segundo Cooper (2001), já é uma prática padrão incluir, como turistas, não
apenas as pessoas que viajam por prazer, mas também aquelas que viajam por
razões de trabalho, visitas a amigos e parentes ou mesmo para fazer compras.
A Figura 1 construída pela OMT apresenta e divide todos os
viajantes que cruzam as fronteiras, explicitando aqueles que devem ser
incluídos nas estatísticas de turismo (chamados de visitantes) e aqueles que não
devem.
Convém destacar que o critério proposto pela OMT,
que define quem incluir ou não, é baseado no propósito de visita.
1.
Tripulação de barcos ou aviões estrangeiros em reparos ou escala e que utilizam
os alojamentos.
2.
Pessoas que chegam a um país num barco de cruzeiro (tal como define a
Organização Marítima Internacional, OMI, 1965) e que estejam alojados a bordo,
ainda que desembarquem para realizar visitas de um ou mais dias.
3.
Tripulação que não é residente no país visitado e que permanece nele durante o
dia.
4.
Visitantes que chegam e saem no mesmo dia por lazer, recreação ou férias;
visitas a parentes e amigos; negócios ou motivos profissionais; tratamento de
saúde, religião/peregrinações; outros motivos, incluindo trânsito de visitantes
de um dia que vão e voltam de seus países de origem.
5.
Conforme tem sido definido pelas Nações Unidos nas recomendações sobre
estatísticos de Migrações Internacionais, 1980.
6.
Que não abandonem a área de trânsito do aeroporto ou do porto, incluindo o
traslado entre estes.
7.
Conforme definido pela Alta Comissão para os refugiados, 1967.
8.
Quando se deslocam para outros países onde estão ou inversamente (incluídos
funcionários e pessoas que acompanham ou se reúnem com ele).
Ainda segundo Cooper (2001), os visitantes internacionais são
divididos de acordo com o fato de haver ou não uma estada no país: se há, então
o visitante é entendido como turista; caso contrário, ele é o visitante de um
dia, também chamado de excursionista. Em resumo, para propósitos de
classificação dos viajantes internacionais:
• Visitante é um viajante
quando é incluído nas estatísticas de turismo, com base em seu propósito de
visita, que pode incluir férias, visitas a amigos e trabalho.
• Turista é um visitante que
passa, pelo menos, uma noite no país visitado.
• Visitante de um dia é o
que não passa a noite em uma hospedagem, privada ou coletiva, no país visitado.
Assim, por exemplo, aqueles que retornam ao navio ou trem para dormir são
considerados visitantes de um dia ou residentes.
• Residente é uma pessoa que vive em uma cidade
por um período superior a seis meses.
Para Cooper, ainda que
busquemos definições abrangentes de turismo, os turistas são, na prática, um
grupo heterogêneo, com personalidades e experiências diferentes, podendo ser
classificados em duas formas básicas, relacionadas com a natureza de suas
viagens:
1. Pode-se fazer uma
distinção básica entre turistas domésticos e internacionais. O turismo
doméstico diz respeito às viagens de residentes dentro do seu próprio país e o
internacional diz respeito a viagens fora do país de residência, podendo haver
implicações em termos de moeda, língua, vistos.
2. Os turistas também podem
ser classificados pela categoria “propósitos de visita”, sendo eles:
• lazer e recreação,
incluindo férias, esportes e visitas a parentes;
• outros propósitos
turísticos, incluindo turismo de estudo e saúde;
• profissional e de negócios,
incluindo reuniões, missões, turismo de negócios e incentivo.
Podem-se classificar turistas também desde seus
estilos de vida até sua percepção de riscos e familiaridade, e
Resumo
O
termo turista refere-se a pessoas que se deslocam para além de sua residência
original. Contudo, existem certas imprecisões nessa definição, em decorrência
do difícil ajuste entre a realidade e os conceitos que se configuram a partir
de perfis bastante diferenciados mas em muitos pontos coincidentes. Essas
coin-cidências podem produzir situações aparentemente parecidas, embora nem
sempre com resultados iguais.
Em
decorrência da dificuldade da definição de turista, foi apre-ciada, em 1963, na
Conferência das Nações Unidas, em Roma, o conceito de visitante, que designa
qualquer indivíduo em deslocamento para um local (país, região ou cidade)
diferente daquele em que habita, desde que nesse novo ambiente não exerça
atividade remunerada.
Nesse conceito, ficam englobadas as definições de turista e
excursionista. Turista é definido como o visitante que permanece pelo menos 24
horas no local visitado e cujos motivos da viagem estão agrupados em lazer
(férias, prazer, religião, prática de esportes, tratamento de saúde e
realização de estudos), negócios (interesses particulares, missões e reuniões)
e razões familiares. Excursionista é o visitante temporário que permanece no
local visitado menos de 24 horas.